O Egito uma vez deu refúgio ao jovem Senhor Jesus Cristo, como nos é dito no Evangelho de Mateus (2.15): “E assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: ‘Do Egito chamei o meu filho.’” No entanto, viver como Cristão no Egito traz muitos desafios. Em uma sociedade em que o Islã é a religião majoritária (os Cristãos representam apenas 10% da população), os crentes frequentemente enfrentam limitações na vida diária, que vão desde a exclusão social até pressões legais e econômicas. Ainda assim, sua fé continua, silenciosa, mas fielmente vivida em adoração, serviço e perseverança.
Cristãos em um culto em uma igreja no Cairo
Igrejas no Egito
Durante décadas, os Cristãos no Egito enfrentaram severas barreiras legais e burocráticas para construir ou reparar locais de culto. Uma Lei de 2016 para Construção e Restauração de Igrejas visava corrigir esse desequilíbrio criando um comitê para licenciar igrejas que operavam sem aprovação formal.
Desde então, o comitê licenciou 3.453 edifícios de igrejas das 3.730 que apresentaram o pedido após a aprovação da lei. No entanto, o processo continua opaco, inconsistente e dolorosamente lento. Dezenas de milhares de igrejas ainda aguardam o reconhecimento legal. Algumas apresentaram pedidos, mas não está claro se seus pedidos estão sendo considerados; outras não puderam apresentar o pedido devido a vários motivos burocráticos.
Sem o licenciamento, as congregações correm o risco de terem suas igrejas lacradas ou demolidas pelas autoridades locais sob o pretexto de falta de licenças, mesmo que a tenham solicitado. Geralmente, pequenas casas igrejas, especialmente aquelas frequentadas por convertidos do Islã, operam em segredo, vulneráveis a invasões e reações da comunidade.
Líderes da igreja no Egito lançando a pedra fundamental para a construção de uma igreja na cidade de New Minya, província de Minya, no Alto Egito, em 2023 [Crédito da imagem: Dr. Andrea Zaki Stephanous]
Mesmo as igrejas legalmente reconhecidas enfrentam restrições: os pedidos de renovação ou expansão são frequentemente adiados ou negados, e a adoração pública pode atrair a atenção indesejada de extremistas. Em contraste, as mesquitas enfrentam poucos obstáculos semelhantes. Essa desigualdade reforça um sentimento de marginalização, afirmando sutilmente a crença de que os Cristãos são cidadãos de segunda classe em sua própria terra natal.
Conversão do Islã: Um caminho difícil
Embora a constituição do Egito tecnicamente defenda a liberdade de crença, a conversão do Islã é repleta de riscos. Os Cristãos convertidos do Islã (crentes de origem Muçulmana, ou MBBs, da sigla em Inglês) são frequentemente condenados ao ostracismo, deserdados ou ameaçados de violência, até mesmo de morte. As famílias podem considerar a conversão uma traição vergonhosa, e as comunidades locais podem incitar a hostilidade ou danos físicos.
Legalmente, um convertido não pode alterar sua afiliação religiosa em documentos oficiais. Permanecer registrado como “Muçulmano” limita seus direitos civis e os coloca em um limbo legal. Isso também força muitos a viver com identidades falsas, complicando o casamento, a herança e o acesso à educação.
Alguns MBBs foram presos sob acusações vagas, como “insultar o Islã” ou “perturbar a paz pública”, muitas vezes com base em materiais Cristãos encontrados em sua posse ou nas mídias sociais. Como resultado, muitos adoram discretamente, muitas vezes em ambientes isolados ou em congregações clandestinas.
Desigualdade econômica e discriminação contra Cristãos
Os Cristãos no Egito enfrentam uma persistente marginalização social e econômica. Em instituições públicas, como as forças armadas, o judiciário e as universidades, eles continuam sub-representados, principalmente na liderança sênior. Nas áreas rurais, o acesso à saúde de qualidade, à educação e às oportunidades de emprego é limitado para as famílias Cristãs.
Em algumas profissões, os candidatos Cristãos são discretamente excluídos. Eles podem ser preteridos em promoções ou seus negócios podem ser desconsiderados devido à identidade religiosa. A mobilidade social é difícil, e aqueles que têm sucesso podem enfrentar ressentimento ou suspeita. As tensões podem se transformar em violência quando os Cristãos são vistos como tendo “ultrapassado” os limites culturais.
As viúvas e mães solteiras Cristãs são altamente vulneráveis à exploração ou abuso
No Alto Egito, comunidades Cristãs inteiras geralmente vivem na pobreza, com poucos recursos ou proteções legais. As mulheres Cristãs carregam um fardo duplo, enfrentando tanto a discriminação religiosa quanto a baseada no gênero. Especialmente as viúvas e as mães solteiras são altamente vulneráveis à exploração ou ao abuso.
Perseguição violenta contra os Cristãos
Os Cristãos Egípcios têm sofrido ondas de violência nos últimos anos. Igrejas foram bombardeadas durante os cultos de Páscoa ou Natal; ônibus que transportavam peregrinos para mosteiros foram emboscados; casas e empresas foram incendiadas por causa de acusações infundadas. Grupos militantes, incluindo afiliados do Estado Islâmico (EI, ISIS, ISIL, Daesh), declararam os Cristãos como alvos legítimos.
Os convertidos do Islã correm um risco particular, frequentemente alvo de extremistas e isolados da comunidade Cristã mais ampla por questões de segurança.
A cena de devastação na Igreja de São Jorge, em Tanta, uma das duas igrejas Egípcias bombardeadas pelo Estado Islâmico no Domingo de Ramos de 2017, com a perda de 46 vidas
Embora o governo tenha aumentado a segurança em algumas áreas, a responsabilização continua sendo difícil. Em muitos casos, os criminosos saem livres. Às vezes, são convocadas “sessões de reconciliação” em vez de ações legais, nas quais as vítimas Cristãs são pressionadas a perdoar, frequentemente sem que a justiça seja feita. Essas sessões tendem a favorecer a estabilidade social em detrimento da responsabilização genuína.
Como o Ajuda Barnabas está apoiando os Cristãos no Egito
A tradição nos diz que Marcos, o Evangelista, levou o Evangelho ao Egito pela primeira vez no primeiro século. Apesar das dificuldades, os Cristãos Egípcios continuam a viver corajosamente para Cristo. Sua fé não apenas sobreviveu a séculos de adversidade, mas continua inspirando os crentes ao redor do mundo.
O Ajuda Barnabas tem o compromisso de apoiar a Igreja no Egito por meio de ajuda prática e solidariedade em oração. Nosso apoio tem incluído:
- Fornecimento de alimentos e ajuda médica a famílias Cristãs empobrecidas, especialmente no Alto Egito.
- Capacitação de mulheres vulneráveis, incluindo viúvas e mães solteiras, por meio de treinamento vocacional.
- Preparação de igrejas para mostrar o amor de Cristo em ação, alcançando as comunidades de refugiados.
Por meio de suas orações fiéis e doações generosas, você sustenta mãos cansadas, fortalece passos vacilantes e compartilha da alegria de um Evangelho que não pode ser silenciado. Nossos irmãos e irmãs estão tornando o amor de Cristo conhecido, e sua parceria ajuda a torná-lo ainda mais brilhante.
Como você pode orar
Ore para que na terra onde José, Maria e o Senhor Jesus buscaram refúgio, Cristo continue a caminhar, pelo Espírito Santo, por meio de Sua Igreja. Peça que Ele fortaleça cada crente para carregar a cruz com força silenciosa e esperança inabalável. Ore para que o Senhor cuide dos marginalizados, dos pobres, dos famintos e dos perseguidos, pelo que pedimos em Seu santo Nome.