O que está acontecendo na R. D. do Congo?

18 March 2025

Share on

A República Democrática do Congo está sofrendo uma crise humanitária causada por um conflito armado. Pelo menos 7.000 pessoas morreram e mais de 80.000 fugiram do país. Muitos Cristãos estão entre os mortos e deslocados, incluindo aqueles que são alvo da Província da África Central do Estado Islâmico. Parece não haver sinal de um fim para a violência.

People walking on the road carrying bundles

Dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas pela violência que assola o nordeste da R. D. do Congo desde o início de 2025

Quem está lutando na R. D. do Congo?

A República Democrática do Congo (RDC) já passou por muitas crises antes. A pobreza e a brutalidade têm sido frequentemente a experiência de muitos nesse país de maioria Cristã. No entanto, a violência que eclodiu nos primeiros meses de 2025 está entre as piores que o país já enfrentou.

O principal impulsionador do recente conflito é o Movimento M23. Em 27 de janeiro de 2025, o M23 tomou Goma, a capital da província de Kivu do Norte. Menos de um mês depois, seus combatentes também tomaram Bukavu, a capital da província vizinha de Kivu do Sul.

Os combatentes do M23 são acusados de massacrar civis nas áreas que controlam. Seus líderes falaram em marchar até Kinshasa, a capital, a muitos quilômetros a oeste. Mesmo que esse cenário seja improvável, o caos nas províncias do nordeste da RDC levou ao temor de um golpe contra o governo existente.

Quem é o M23?

O Movimento M23 (o nome se refere ao dia 23 de março – data de um acordo de paz assinado em 2009 que o grupo rejeita) alega estar defendendo os direitos da minoria étnica Tutsi.

Man holding gun with belt of ammunition

Um combatente do M23, fotografado em 2012, logo após a fundação do movimento. Uma força renovada e revitalizada do M23 está agora provocando o caos no nordeste da R. D. do Congo [Crédito da imagem: Al Jazeera English/Flickr CC BY-SA 2.0]

O grupo foi fundado em 2012 e, nos meses seguintes, empreendeu uma rebelião armada contra as autoridades Congolesas em Kivu do Norte. A rebelião não foi bem-sucedida e o grupo ficou praticamente inativo até novembro de 2021, quando recebeu o apoio da vizinha Ruanda.

O governo de Ruanda nega qualquer papel no apoio ao M23, mas especialistas internacionais acreditam que o grupo rebelde é apoiado por cerca de 3 a 4 mil soldados Ruandeses.

Os Cristãos estão sendo alvo de ataques na R. D. do Congo?

Observadores internacionais acreditam que cerca de 7.000 pessoas morreram desde que o M23 iniciou seu avanço em janeiro, incluindo 3.000 somente na área de Goma. Sem dúvida, muitos crentes estão entre eles, mas o M23 não tem como alvo os Cristãos.

Os Cristãos, no entanto, estão sendo alvo de outro grupo armado, a Província da África Central do Estado Islâmico(ISCAP, da sigla em Inglês).

O ISCAP (antes conhecido como Forças Democráticas Aliadas) jurou bay’a (lealdade) ao Estado Islâmico central pela primeira vez em 2017. Desde então, o grupo terrorista matou quase 6.000 Cristãos em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri.

Terrorists holding guns

Combatentes da Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP, da sigla em Inglês) renovaram a bay’a (lealdade) ao Estado Islâmico em 2022. Alguns relatos da mídia sugerem que os vínculos entre o grupo e o EI não foram verificados, mas os especialistas em terrorismo internacional não têm dúvidas de que o ISCAP é uma wilayat (província) importante do Estado Islâmico [Crédito da imagem: Strategic Intelligence Service]

Esses assassinatos são frequentemente objeto de publicações nos canais de mídia social do Estado Islâmico, nos quais os terroristas se vangloriam de ter matado “Cristãos infiéis”. Os contatos do Ajuda Barnabas dizem que, às vezes, as vítimas têm a oportunidade de se converter ao Islamismo e salvar suas vidas. Muitos se recusam e são massacrados.

O ISCAP aproveitou o caos causado pela rebelião do M23 para aumentar o escopo e a escala de seus ataques. Pelo menos 287 crentes foram mortos em ataques direcionados desde o Natal de 2024. Esse número não inclui 70 Cristãos decapitados em Lubero, em Kivu do Norte, um incidente que os contatos do Ajuda Barnabas acreditam ter ocorrido em setembro de 2024.   

Por que há conflitos na R. D. do Congo?

Muitos grupos armados no nordeste da RDC são motivados pela vasta riqueza mineral do país e pelas oportunidades financeiras que ela proporciona, assim como as potências regionais, como Ruanda, e as potências globais, como os Estados Unidos e a China.

Desde abril de 2024, o Movimento M23 controla áreas de mineração conhecidas por serem ricas em minerais como o coltan, do qual se deriva o tântalo, um componente essencial em laptops, telefones e outros dispositivos eletrônicos.

Child labourer digging with spade

Uma criança trabalhando em uma das muitas minas da RDC [Crédito da imagem: Sasha Lezhnev/Flickr CC BY-SA 2.0]

Especialistas internacionais estimam que as áreas controladas pelo M23 produzem 120 toneladas de coltan por mês, que são exportadas para Ruanda. Isso permite que o comando do M23 ganhe R$ 4.547.680,00 com os impostos cobrados de mineradores e comerciantes. O grupo é acusado de usar trabalho forçado para alargar as estradas da região para que caminhões e carretas possam trafegar.

O trabalho forçado é um problema de longa data na indústria de mineração da RDC, especialmente no setor de mineração eufemisticamente chamado de mineração artesanal – ou seja, o setor não oficial ou não regulamentado. Estima-se que 40.000 crianças estejam trabalhando em minas no sul da RDC, algumas das quais são vítimas de tráfico.

Mesmo nas minas oficiais, as condições para todos os mineiros são perigosas, com desmoronamentos e outros desastres sendo um risco constante. As minas continuam sendo locais de violência – os líderes da igreja que procuram ministrar aos mineiros enfrentam represálias temerosas se forem vistos interrompendo o trabalho. Os esforços para reformar o setor resultaram em pouca ou nenhuma mudança.

Crise humanitária na R. D. do Congo

Além das 7.000 mortes registradas como resultado do conflito, cerca de 80.000 pessoas fugiram do país. Centenas de milhares de outras pessoas estão deslocadas internamente (estima-se que antes de janeiro já havia 7,3 milhões de deslocados internos na RDC).

A RDC também está sofrendo com uma pobreza alimentar desesperadora. Em junho de 2024, estimou-se que cerca de 25 milhões de pessoas – cerca de um quarto da população – estavam enfrentando “crise” ou níveis ainda mais graves de fome. Isso inclui 6,2 milhões de pessoas nas três províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri.

A situação piorou muito nos últimos meses, pois as linhas de suprimento foram cortadas pelo M23 e por outros grupos armados, os combatentes e outros roubam criações e colheitas, os agricultores são forçados a deixar suas terras e o acesso humanitário se torna mais difícil.

Infelizmente, as crises que se sobrepõem – pobreza, escassez de alimentos, guerra civil, terrorismo Islâmico, violações dos direitos humanos – têm o potencial de provocar dezenas de milhares de mortes e arruinar inúmeras vidas.

Ore pela R. D. do Congo

 

Por favor, ore para que o Senhor intervenha e leve um pouco de paz e estabilidade à RDC. Peça que Ele permita que a ajuda humanitária chegue àqueles que precisam dela. Ore pela reconstrução a longo prazo de vidas e infraestrutura, juntamente com o fornecimento de alimentos, cuidados médicos e outras necessidades.

Interceda especialmente por nossos irmãos e irmãs que estão enfrentando perigo perpétuo nas mãos do Estado Islâmico. Peça que a fé deles não vacile.

Agradeça ao Senhor que o Ajuda Barnabas já está enviando ajuda emergencial – alimentos, suprimentos médicos, tendas e cobertores – e ore para que Ele nos ajude a fazer mais.

Países Relacionados

Democratic Republic of Congo