Igrejas ameaçadas de ataque na Síria

Pelo menos duas igrejas na região de Damasco, na Síria, foram pichadas com grafites ameaçadores no dia 7 de novembro.

Na Igreja de Mar Elias Il Morra – em Maarrat Saydnaya, localizada na província de Rif Dimashq, que circunda Damasco, a capital Síria – extremistas não identificados picharam as palavras: “Depois de Mar Elias Dweila, Mar Elias Il Morra é o próximo”.

A referência a “Mar Elias Dweila” foi uma lembrança do atentado a bomba de junho de 2025, que deixou 25 fiéis mortos e mais de 60 feridos.

A outra igreja visada foi a Igreja de Mar Cyril, no distrito de Al-Qassaa, um bairro predominantemente Cristão no centro de Damasco.

“Em um país já abalado pela guerra e tensões sectárias, essa pichação sinaliza não apenas um ato de intimidação, mas um aviso mais profundo: que igrejas e comunidades minoritárias podem ser o próximo alvo, a menos que medidas rápidas sejam tomadas”, disse um pesquisador do Ajuda Barnabas.

O ato provocou indignação generalizada entre os moradores, que o condenaram como uma violação flagrante dos locais de culto e uma ameaça direta à paz civil.

Um contato do Ajuda Barnabas no local disse: “Nos últimos meses, tem havido caos. Esperamos que a situação melhore e que nossas vidas sigam um ritmo estável e protegido.”

Ataques de vingança e represálias violentas

As comunidades em toda a região oeste da Síria vivem em um novo clima de medo após a queda do governo de Bashar al-Assad em dezembro de 2024, à medida que aumentam os ataques de vingança e os assassinatos sectários.

Embora a queda do antigo governo tenha sido bem recebida por muitos, grupos minoritários – incluindo Cristãos, Alauítas e Drusos – agora enfrentam represálias violentas em áreas que antes eram relativamente estáveis.

Em 1º de outubro, dois primos Cristãos, Wissam e Shafiq Mansour, ambos de 39 anos, foram mortos a tiros por um homem mascarado em uma motocicleta enquanto estavam sentados do lado de fora de casa, em seu vilarejo natal de Anaz, no Vale dos Cristãos (Wadi al-Nasara), na zona rural de Homs.

Os moradores locais acreditam que os assassinatos foram intencionais e de natureza sectária.

No funeral, os familiares expressaram profunda tristeza e frustração. O pai de Wissam lamentou que os Cristãos tivessem sido desarmados, enquanto os vilarejos vizinhos mantiveram as armas. “Hoje é Wissam”, alertou ele, “amanhã pode ser qualquer um de nós.”

O único sobrevivente do ataque diz que agora vai deixar a Síria, temendo que as promessas de segurança após a revolução não estejam sendo cumpridas. “Não vemos o futuro que nos foi prometido”, disse ele. “Existem muitos grupos extremistas. Não sei para onde a Síria está indo.”

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A uma curta distância, na cidade de Homs, os Alauítas – que representam cerca de 10% da população e eram amplamente associados ao governo de Assad, ele próprio um Alauíta – estão sofrendo uma onda semelhante de ataques. Assassinatos e sequestros ocorrem silenciosamente, muitas vezes sem serem relatados e raramente investigados.

As autoridades de transição da Síria prometeram proteger todos os cidadãos, independentemente de sua afiliação religiosa. No entanto, muitos Cristãos dizem que essas garantias parecem vazias, já que grupos extremistas e facções armadas locais continuam a operar impunemente.

Um contato do Ajuda Barnabas na Síria acrescentou: “Tem havido um profundo espírito de vingança; os extremistas procuram destruir, mas a Igreja permanece firme apesar dos desafios e está até crescendo.”

“O desafio não é apenas a violência, mas também a erradicação”, diz nosso pesquisador. “Comunidades outrora vibrantes estão sendo forçadas a deixar suas terras ancestrais — a mesma terra onde ocorreu uma das transformações mais notáveis da história do Cristianismo, na estrada para Damasco (Atos 9).”